(Encceja/2020) O homem; as viagens
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
ANDRADE, C. D. Disponível em: www.algumapoesia.com.br.
Acesso em: 23 set. 2013 (fragmento).
O recurso expressivo de construção do poema atende a uma percepção irônica do eu lírico, segundo a qual o homem
A) demonstra-se insaciável em seu desejo de apropriação e expansão sobre as coisas.
B) mostra-se disposto para o trabalho de contínua reconstrução e preservação.
C) revela-se curioso em relação ao desconhecido e suas peculiaridades.
D) apresenta-se criativo em projetar-se e difundir suas características.
RESOLUÇÃO:
No poema de Carlos Drummond de Andrade, o uso repetitivo de ações que destacam a conquista e a transformação de corpos celestes pelo homem, como “coloniza”, “civiliza” e “humaniza”, tanto na Lua quanto em Marte, evidencia uma percepção irônica do eu lírico sobre a natureza repetitiva e insaciável da natureza humana. As ações realizadas pelo homem nos dois planetas são praticamente idênticas, culminando em ambientes “humanizados” que refletem o mesmo cenário de partida, a Terra.
Essa ironia se manifesta na crítica à constante insatisfação e no desejo de expansão do homem, que, mesmo ao alcançar novos mundos, rapidamente se desinteressa e busca novos territórios para repetir o mesmo ciclo de apropriação e transformação.
Resp.: A
VEJA TAMBÉM:
– Questão resolvida sobre o poema Se eu morresse amanhã, da Famerp 2016
– Questão resolvida sobre o poema fogo frio, do Enem 2014-PPL
– Questão resolvida sobre poema Meu Anjo, da UEM