O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, em entrevista hoje, dia 3 de dezembro, chamou de “hipocrisia” a recusa de reitores e associações de estudantes em retomar as aulas em universidades federais, em meio à pandemia de Covid-19.
O Ministério da Educação determinou a volta às aulas a partir de 4 de janeiro de 2021, por meio de portaria. Após repercussão negativa, o MEC informou que revogará a referida portaria.
A decisão foi mal recebida, em todo o país, pela comunidade acadêmica, que argumentou que a prioridade deve ser salvar vidas e que o retorno neste ponto da pandemia traz riscos a professores, alunos e servidores.
Segundo Mourão, as pessoas que não querem voltar às aulas são as mesmas que estão frequentando bares e restaurantes.
Ainda segundo o Vice-presidente “Isso é um assunto controverso, porque acho que até tem certa hipocrisia. As pessoa saem para a rua, vão para bares, restaurantes, mas não podem ir para aula”.
Ele completou que “A mesma turma que não quer voltar para aula, vai para balada, vai parar bar. Então, vamos ser coerente nas coisas”.
O Vice-presidente Mourão disse ainda que, na opinião dele, é possível retomar as aulas com segurança.
Ele concluiu que “Lá no Espírito Santo eles estão com aula presencial. Vai metade da turma num dia, metade no outro, de modo que você tenha o distanciamento na sala de aula. Com boa vontade e a gente consegue”.
Reação das Universidades Federais
Os Reitores defendem que o retorno presencial só deve ocorrer se a situação local da pandemia permitir; e se houver segurança para garantir que não haja aumento nas transmissões do coronavírus.
Em nota “A Universidade de Brasília reitera que não colocará em risco a saúde de sua comunidade”.
A Universidade Federal do ABC (UFABC), por meio do Vice-reitor, Wagner Carvalho disse que “Acho que nós estamos vivendo claramente uma segunda onda. Não é possível a gente colocar em risco toda a nossa comunidade”.
A União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) disseram que a portaria é uma “atitude irresponsável, equivocada e que atenta contra a vida do povo brasileiro.”
O Conselho que representa dos dirigentes dos institutos federais de ensino (Conif), afirmou, em nota, que a portaria foi publicada “sem nenhuma espécie de diálogo com as Instituições Federais de ensino, especialmente em meio a um novo crescimento dos casos da doença no Brasil” e classificou como um ato “arbitrário”, que desrespeita a autonomia das universidades e institutos de ensino.