O Ministério da Saúde informou que divulgará os dados de covid-19, em uma plataforma interativa, que trará a análise de casos e mortes, por data de ocorrência, e de forma regionalizada; por meio de ferramenta, que será disponibilizada ainda nesta semana.
Motivos para a alteração na forma da divulgação
De acordo com o MS, “O uso da data de ocorrência (e não da data de registro) auxiliará a se ter um panorama mais realista do que ocorre em nível nacional e favorecerá a predição; de forma a criar condições para a adoção de medidas mais adequadas para o enfrentamento da covid-19, nos âmbitos regional e nacional”.
Ainda conforme o MS, para o governo, a divulgação do acúmulo de casos, como vinha sendo feito até o momento; dificulta a verificação das mudanças dos cenários regionais, estaduais e municipais.
Nova Plataforma e Boletim semanal
O Ministério da Saúde, além da plataforma, disponibilizará às terças-feiras, um boletim baseado na semana epidemiológica, que será apresentado em uma reunião técnica, com a participação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). De acordo com a convenção internacional, as semanas epidemiológicas são contadas de domingo a sábado; e servem como padrão para comparação de dados; além de acompanhamento da evolução da dinâmica de transmissão da doença.
OpenDatasus
Paralelamente, foi criada uma base de disseminação de dados abertos – o OpenDatasus – que disponibiliza as notificações de síndrome gripal leve e de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) relacionadas ao covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, o uso dessas ferramentas também estão em processo de melhorias, em parceria com estados e municípios.
Supressão de dados
Nos últimos dias, o governo já havia deixado de apresentar alguns dados consolidados e mudado a dinâmica de divulgação; pois até então, a pasta divulgava boletins atualizados diariamente entre 17h e 18h, durante coletivas de imprensa. Desde a última quinta-feira (4), os dados têm sido divulgados próximo às 22h.
Procedimento Extrajudicial
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, no sábado, dia 6 de junho, procedimento extrajudicial para apurar porque o Ministério da Saúde mudou a forma de divulgação dos dados do novo coronavírus no Brasil. Desde a última sexta-feira, dia 5 de junho, a pasta também parou de divulgar os números totais da contaminação no painel oficial e passou a divulgar apenas os números diários.
De acordo com o ministério, a adequação dos horários de divulgação dos dados é parte da estratégia da obtenção de informações mais precisas; pois o momento de divulgação está atrelado ao fechamento dos boletins epidemiológicos estaduais.
Conforme dados do último balanço divulgado à imprensa na noite de ontem, o Brasil registrou, até as 21h50 deste domingo, 691.758 casos confirmados da doença e 36.455 mortes. Nas últimas 24 horas, foram 18.912 novos casos e 525 mortes pelo novo coronavírus.
Divulgação paralela
Em meio a essas mudanças, o Conass disponibilizou ontem, dia 7 de junho, em seu site, um painel próprio com dados atualizados sobre o número de casos da covid-19 no país.
As informações da nova ferramenta serão fornecidas pelos estados e estarão disponíveis diariamente até às 18h. O conselho reúne os secretários de saúde das 27 unidades da federação.
Mudança
Em nota, a Sociedade Brasileira de Infectologia criticou a mudança na divulgação de dados do Ministério da Saúde. “É fundamental que em uma pandemia de tamanha magnitude tenhamos os números reais. Somente com informações epidemiológicas confiáveis será possível a avaliação das medidas atuais e o planejamento de ações para combater a propagação do novo coronavírus, que vem causando danos avassaladores no mundo e especialmente no Brasil”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, por meio da redes sociais, disse que a comissão externa que trata da covid-19 vai “se debruçar sobre as estatísticas”. Segunda Maia, “é urgente que o Ministério da Saúde divulgue os números com seriedade, respeitando os brasileiros e em horário adequado. Não se brinca com mortes e doentes”.