(Enem/2021)
Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem
Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
[…]
Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmecê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me tira a luz.
CHICO BUARQUE; JOÃO BOSCO. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2011 (fragmento).
No fragmento da letra da canção, o vocabulário empregado e a situação retratada são relevantes para o patrimônio linguístico e identitário do país, na medida em que
A) remetem à violência física e simbólica contra os povos escravizados.
B) valorizam as influências da cultura africana sobre a música nacional.
C) relativizam o sincretismo constitutivo das práticas religiosas brasileiras.
D) narram os infortúnios da relação amorosa entre membros de classes sociais diferentes.
E) problematizam as diferentes visões de mundo na sociedade durante o período colonial.
RESOLUÇÃO:
A canção retrata a voz de um homem negro escravizado, acusado injustamente de ter olhado para “Sinhá”, provavelmente a filha ou esposa do senhor. Ele nega a acusação, suplica para não ser castigado e clama tanto por Deus quanto por elementos da sua cultura ancestral africana:
“Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus”
Esse trecho revela sincretismo religioso, mas esse não é o foco principal do texto — é um elemento complementar.
O que se destaca é a violência imposta ao corpo e à dignidade desse sujeito, como no trecho ” Para que me pôr no tronco”.
Resp.: A
VEJA TAMBÉM:
– Questão resolvida sobre africanos escravizados, da Fatec-SP
– Resolução da questão sobre escravos, transporte de lixo e de excrementos, do Enem 2021
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