Um projeto de lei recente pode alterar a forma como os beneficiários utilizam o Bolsa Família. A proposta, de autoria do senador Cleitinho (Republicanos-MG), sugere uma mudança significativa: impedir que os valores do benefício sejam sacados em dinheiro. De acordo com o PL 3.739/2024, o uso do recurso ficaria restrito a um cartão específico, voltado para compras essenciais, como alimentação, vestuário, medicamentos, gás e serviços essenciais, incluindo água, energia, aluguel e internet. A proposta ainda aguarda análise nas comissões do Senado.
O projeto pretende limitar os gastos aos CNPJs previamente cadastrados, impedindo que o dinheiro seja utilizado em compras como bebidas alcoólicas, cigarros, jogos de azar e apostas eletrônicas. Segundo Cleitinho, essa medida visa assegurar que o valor do Bolsa Família seja direcionado ao bem-estar das famílias, com foco em necessidades fundamentais.
Motivações e dados que sustentam a proposta
O senador Cleitinho argumenta que o saque em espécie traz o risco de mau uso dos recursos, permitindo a compra de itens que não contribuem para o objetivo principal do programa: o combate à pobreza e à fome. Para sustentar sua posição, Cleitinho cita um estudo do Banco Central que indicou gastos significativos dos beneficiários do Bolsa Família com apostas on-line. De acordo com o levantamento, entre janeiro e agosto de 2024, foram destinados R$ 10,5 bilhões a apostas, valor que o senador considera incompatível com as finalidades do programa social.
Segundo Cleitinho, a intenção é reorientar o Bolsa Família para atender prioritariamente a alimentação e desenvolvimento das famílias de baixa renda, sobretudo aquelas com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Ele destaca que, ao limitar o uso do recurso a compras essenciais, o programa poderá cumprir melhor o papel de assistência social.
Discussão sobre autonomia versus controle de gastos
A proposta levantou um debate sobre a liberdade dos beneficiários em gerenciar seus próprios recursos. Enquanto alguns defendem que o controle por meio de um cartão pode ser uma maneira de evitar o desvio do dinheiro para fins que não colaboram com o combate à pobreza, outros apontam que a medida pode interferir na autonomia financeira das famílias.
Para Cleitinho, o uso restritivo do cartão beneficiaria o programa, pois garantiria que o valor atenda exclusivamente às necessidades básicas das famílias. No entanto, especialistas em políticas públicas têm opinado que o monitoramento excessivo pode não ser a solução ideal, sugerindo que as famílias devem ter liberdade para gerir o benefício conforme suas prioridades.
Impacto do projeto no funcionamento do Bolsa Família
Desde sua criação, o Bolsa Família tem sido um dos principais instrumentos de combate à pobreza e insegurança alimentar no Brasil. O programa é reconhecido por proporcionar uma rede de proteção social para milhões de brasileiros, sendo um dos pilares da assistência social no país. Caso o PL 3.739/2024 seja aprovado, o funcionamento do benefício poderá ser alterado substancialmente.
A proposta sugere que, com o novo modelo, as famílias teriam suas compras limitadas a itens e serviços essenciais, o que pode representar uma mudança na forma como o programa tem sido aplicado. Com o sistema atual, as famílias possuem flexibilidade para utilizar o valor conforme suas necessidades, mas o projeto de Cleitinho visa canalizar os recursos exclusivamente para itens que beneficiem diretamente o bem-estar e a segurança alimentar das famílias.
Próximos passos e o futuro do projeto
O projeto de lei ainda está em fase inicial, aguardando a distribuição para as comissões temáticas do Senado, onde será analisado antes de seguir para votação. Durante o processo, o PL poderá receber emendas e ajustes, dependendo do debate que for realizado pelos parlamentares.
Essa proposta representa uma nova abordagem para o Bolsa Família, com o intuito de garantir que os valores realmente cumpram o papel de assistência básica. O andamento do projeto deverá ser acompanhado de perto, visto que, se aprovado, trará mudanças significativas para milhões de brasileiros que dependem do benefício.