Reforma eleva contribuições para a previdência privada

Aprovada no final de 2019 , a reforma previdenciária brasileira tornou as regras de aposentadoria mais rígidas no país e agora forçou a nova geração de trabalhadores a esperar cada vez mais até que possam se aposentar.

Foi introduzida uma idade mínima de aposentadoria – 65 para homens e 62 para mulheres – bem como um limite para o tempo de serviço. Independentemente da idade, o brasileiro terá que trabalhar por um período mínimo de 20 (homens) ou 15 (mulheres) anos até que possam receber uma pensão estatal. Como resultado, o mercado de previdência privada está começando a crescer.

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O modelo de previdência privada envolve o interessado na escolha de um plano de aposentadoria e na contribuição para um fundo. O benefício que o indivíduo pode resgatar após 15 ou 20 anos de contribuições será calculado de acordo com as contribuições feitas naquele período.

Antes mesmo de a reforma da previdência ser aprovada, o mercado de previdência privada teve um crescimento significativo na demanda e no volume de depósitos em seus fundos de renda fixa. Dados mostram que, entre janeiro e outubro de 2019, as contribuições cresceram quase 36%, passando de R$ 86 bilhões em 2018 para pouco mais de R $ 101 bilhões no ano passado.

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A arrecadação líquida – contribuições totais após descontos no custo do serviço – também aumentou de R$ 28 bilhões em 2018 para R$ 42 bilhões em 2019. Atualmente, os planos de previdência privada têm cerca de 13 milhões de clientes no Brasil, com cerca de R$ 1 trilhão em contribuições combinadas.

Esse crescimento é resultado de debates mais profundos na sociedade sobre o planejamento financeiro de longo prazo, motivados pelo processo de reforma da previdência. Isso conscientizou as pessoas sobre a necessidade de uma renda complementar no futuro.

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O mercado começou a crescer em 2018, antes mesmo de começarem as discussões sobre a reforma da previdência. Naquele ano, a BrasilPrev lançou um produto simplificado de previdência privada e conseguiu atrair cerca de 280 mil novos clientes.

Mas essa mudança de mentalidade é recente. Uma pesquisa de 2018 da Anbima e do Datafolha mostrou que 47% dos brasileiros esperavam ter uma aposentadoria via INSS para se sustentar na velhice e outros 28% disseram que provavelmente trabalhariam a vida inteira.

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Sistema de previdência privada para poucos

O mercado de previdência particular irá crescer no Brasil, mas estudos apontam outros motivos também. A mudança tem menos a ver com um senso elevado de consciência financeira entre a população e está mais relacionada à compreensão de que as aposentadorias via INSS se tornarão muito mais difíceis de conseguir.

Além da maioria da população não poder se aposentar sob as novas regras, a pensão real que poucos sortudos receberão será muito menor do que o esperado e insuficiente para manter seus padrões de vida.

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Então, numa análise mais realista, quem puder pagar uma previdência complementar, vai fazê-lo. No que diz respeito às classes mais pobres, esses segmentos da sociedade nem estão no radar do mercado de previdência privada, pois a receita das empresas virá dos investimentos, e não necessariamente do aumento salarial na sociedade.

Muitas pessoas não terão espaço em seu orçamento mensal para guardar dinheiro para a aposentadoria. Ao mesmo tempo, os custos de moradia, educação e outros serviços essenciais estão aumentando.

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