Questão resolvida sobre estratificação social, da UEL

(UEL/2017) No pensamento sociológico clássico e contemporâneo, as dimensões igualdade, diferença e diversidade assumem importância para estudos relacionados à questão das desigualdades sociais.
Com base nos conhecimentos sobre as perspectivas sociológicas que explicam a desigualdade social, no cotidiano das sociedades capitalistas, assinale a alternativa correta.
A) A sociologia weberiana, quando analisa as modernas sociedades ocidentais, demonstra que os fatores econômicos e os antagonismos entre as classes determinam as hierarquias de poder e os tipos de dominação.
B) As análises de Marx defendem a ideia de que as mudanças mais recentes na ordem mundial capitalista alteraram a preeminência das classes na explicação das assimetrias sociais e diversidades culturais.
C) Na sociologia de Bourdieu, os fatores econômicos, simbólicos e culturais, a exemplo da renda, do prestígio e dos saberes, incorporados pelos agentes em seu cotidiano e em sua trajetória de vida, são responsáveis pela diferenciação
de posições nos campos sociais.
D) No pensamento funcionalista, a origem da desigualdade social encontra-se nas contradições econômicas e políticas entre os agrupamentos, que mantêm relações uns com os outros para produzir e reproduzir a estrutura social.
E) Para os pensadores críticos do neoliberalismo, a mobilidade dos indivíduos de um estrato social para outro, no Brasil, é acompanhada igualmente por mudanças na estrutura de classes sociais, na medida em que pobres e ricos se aproximam.

RESOLUÇÃO:
A) Incorreta. Contrariamente ao indicado pela alternativa, Max Weber associa a estratificação social à monopolização de bens e oportunidades materiais e outros atributos não materiais, a exemplo das qualidades pessoais que podem
ser obtidas pelo estilo de vida e pelos títulos que conferem prestígio e honra sociais. Outro fator definidor da posição social consiste no poder, ou seja, a capacidade de um grupo ou indivíduo se impor aos demais, quando há voz de
comando de uma autoridade e a inclinação de outros para a obediência. Portanto, não há uma determinação da esfera econômica sobre as demais esferas da sociedade.
B) Incorreta. Karl Marx considera que uma sociedade de classes é uma sociedade na qual as relações de classes são preeminentes na estrutura social como um todo. Portanto, o aparecimento de novas formas de produzir e as
mudanças sociais que se processaram na ordem econômica mundial capitalista não findou com as classes. Elas se mantêm como um traço estrutural e permanente do capitalismo. Entende-se que todos os trabalhadores de todos
os ramos, não apenas os da fábrica, mesmo diante das alterações econômicas do sistema capitalista nas últimas décadas, encontram-se em uma relação de subordinação ao capital.
C) Correta. A alternativa está correta, pois, para Pierre Bourdieu, a diferente localização dos grupos e indivíduos na estrutura social deriva da desigual distribuição de capital econômico (renda, salários, imóveis), de capital cultural
(saberes e conhecimentos reconhecidos), de capital social (relações sociais que podem ser capitalizadas) e de capital
simbólico (prestígio e honra). Assim, a posição de privilégio ou não ocupada por um grupo ou indivíduo é definida de acordo com o volume e a composição de um ou mais desses capitais adquiridos e ou incorporados ao longo de suas
relações e trajetórias de vida.
D) Incorreta. A alternativa corresponde ao conceito de classe de Marx e não ao conceito de estratos característicos da sociologia funcionalista, que sustenta que a sociedade é um todo orgânico de partes diferentes com funções diversas e interdependentes. Nesse sentido, para a sociologia funcionalista, existe um sistema hierárquico formado dediferentes estratos e grupos sociais com interesses distintos no âmbito social, político e econômico, que formam um
todo integrado e funcional.
E) Incorreta. Contrariamente à alternativa, para os críticos do neoliberalismo, no Brasil, ainda que se tenha registrado mobilidade ascendente para aqueles que estudam ou que obtém maior qualificação, os períodos de maior ou menor
mobilidade não significaram, no país, mudanças na estrutura social. Dados do IBGE (2005) revelam uma alta concentração
de renda entre poucos. Essa concentração de renda expressa a baixa mobilidade no Brasil e a grande desigualdade entre o topo e a base da pirâmide social. Portanto, se há alguma mobilidade social, esta é de curto alcance e não é acompanhada por mudanças significativas na estrutura de classes, que continua a expressar uma das mais desiguais do mundo.
(Resolução da banca elaboradora de provas da UEL).

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