Pesquisa revela que Governo tem dificuldade de contrapor Auxílio Brasil e Bolsa Família

Uma nova pesquisa realizada pelo instituto Datafolha revelou como é mais complicado do que parece criar uma marca social e recolher ganhos políticos a partir dela. Afinal, é exatamente isso o que vem acontecendo no atual governo, especialmente em relação ao novo programa Auxílio Brasil.

De acordo com a pesquisa do Datafolha, ao menos até o presente momento, as tentativas do presidente Jair Bolsonaro (PL) de obter ganhos com o eleitorado a partir do programa Auxílio Brasil tem se mostrado pouco suficientes para a demanda de campanha no segundo semestre do ano.

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Por exemplo, dentro do grupo das pessoas que recebem os R$ 400 reais por mês de Auxílio Brasil, o atual presidente da república tem uma avaliação pior que a do conjunto da população brasileira em geral, revela o levantamento. Nesse grupo, apenas 19% das pessoas pesquisadas consideram que o governo atual seja ótimo ou bom nesse segmento, contra 25% do total.

Da mesma forma, 62% destas pessoas que recebem o Auxílio Brasil todo mês revelam que nunca votariam no atual presidente nas eleições que devem acontecer no segundo semestre de 2022, o que indica 7 (sete) pontos percentuais acima do patamar da população geral.

Percebe-se, então, que a lógica eleitoral parece estar sofrendo uma inversão, uma vez que, considerando um primeiro olhar sobre os dados da pesquisa que foram citados logo acima, não é exatamente fácil encontrar uma explicação que possa resumir este paradoxo entre o programa Auxílio Brasil e o descontentamento do eleitorado específico que é atendido por este benefício social.

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Porém, ainda assim, é possível encontrar um caminho. Pode ser, por exemplo, que ainda que sejam atendidos pelo Auxílio Brasil, essa parte da população se considere mais próxima de outros candidatos às eleições do mês de outubro do que do atual presidente.

A conclusão dos dados que foram levantados pela pesquisa Datafolha permite a percepção de que a população brasileira, em especial aquela que está em situação maior de vulnerabilidade econômica, ainda não consegue enxergar o novo Auxílio Brasil como uma política que seja, de fato, revolucionária em relação ao programa antecessor, Bolsa Família. E há fatores que contribuem para essa realidade.

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Auxílio Brasil e Bolsa Família – Considerações

Em primeiro lugar, se pode citar o fato de que uma boa parte dos beneficiários do Auxílio Brasil continuam a usar o cartão do Bolsa Família para ter acesso aos seus respectivos pagamentos mensais. Isso vem acontecendo por que o Governo Federal somente enviou o novo cartão do Auxílio Brasil para as pessoas que entraram no programa a partir do mês de janeiro de 2022. Assim sendo, quem já estava no programa anteriormente precisa continuar usando o cartão que conta com a logo do Bolsa Família.

Outro fator que contribui para que o Auxílio Brasil não seja visto como uma mudança tão significativa em relação ao Bolsa Família se refere ao fato de que o novo programa continuou a utilizar as mesmas dinâmicas de pagamento de seu antecessor. Por exemplo, os pagamentos do Auxílio Brasil também seguem a referência do dígito final do NIS e são feitos nos 10 (dez) últimos dias úteis de cada mês, pela mesma instituição financeira. Ou seja, a Caixa Econômica Federal.

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Todo o cenário que foi apresentado anteriormente contribui para que o eleitorado geral veja o Auxílio Brasil como uma espécie de “Bolsa Família melhorado” e isso, por si só, já dificulta que o atual governo implemente a sua própria identidade no novo programa, uma vez que ele continua a ter uma forte influência de governos anteriores.

Em resumo, o lucro eleitoral sobre o Auxílio Brasil continua a estar relacionado ao crédito de outros governos, e não exatamente da atual gestão do Planalto.

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A dificuldade do atual governo de ter ganhos eleitorais com o seu mais novo programa social de distribuição de renda é ainda maior na região Nordeste do país, que é justamente a parte do país em que, a nível percentual, há o maior número de beneficiários do Auxílio Brasil. No total, 37% das pessoas que recebem o Auxílio Brasil são da região Nordeste, contra 17% da região Sudeste, e 14% da região Sul.

Porém, ainda assim, apesar das informações que foram citadas anteriormente, há uma forte resistência do eleitorado nordestino em ver o Auxílio Brasil como uma conquista do atual governo, o que revela que a credibilidade do atual presidente no campo dos benefícios sociais ainda deve melhorar para que se tenha maiores ganhos eleitorais a tempo da próxima campanha presidencial. Caso contrário, o obstáculo nessa área pode representar um desafio ainda maior para o atual governo.

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Não é impossível que, já nos próximos meses, o Auxílio Brasil passe a ser mais associado pela população como uma ação efetiva do atual governo, o que viria a dar alguma recompensa política para o presidente Jair Bolsonaro (PL). Porém, até o momento, não é isso o que vem ocorrendo.

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