Auxílio Brasil custa mais caro que Bolsa Família, aponta TCU

Ao finalizar o processo de auditoria sobre o programa Auxílio Brasil, o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que o programa social custa mais caro, com menos benefícios do que o antigo Bolsa Família. Além disso, o TCU também constatou que o Auxílio Brasil tem menor efetividade no combate à pobreza, especialmente por favorecer quem mora sozinho em detrimento de crianças e adolescentes.

Nesse sentido, de acordo com as informações do TCU, a principal consequência da introdução do novo programa social, com o valor de R$ 600 reais por mês, teria sido o desperdício de recursos públicos, uma vez que seria possível gastar uma quantia menor para alcançar os mesmos resultados em termos de redução da pobreza no país.

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De acordo com as estimativas da área técnica da corte de contas, para continuar avançando na mesma proporção no objetivo de erradicar a pobreza, seriam gastos R$ 1,74 bilhão de reais com o programa Auxílio Brasil, ao passo que o mesmo ganho seria obtido pelo Bolsa Família com o valor total de R$ 1,43 bilhão de reais.

Ademais, o TCU observou que a equidade do benefício social recebido por pessoa dentre as famílias que são beneficiárias do Auxílio Brasil foi reduzida em relação ao programa que o originou, Bolsa Família. Além disso, o Tribunal entendeu que o novo benefício privilegia as famílias unipessoais, que acabam por receber a mesma renda que os grupos familiares mais numerosos.

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Por meio de relatório, o ministro Augusto Sherman Cavalcanti, afirmou o seguinte:

Este novo desenho prejudicou o cumprimento dos seus objetivos e gerou incentivos para que as famílias se cadastrem de forma separada, comprometendo, também, a qualidade do sistema do Cadastro Único (CadÚnico)”.

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Os resultados da auditoria do TCU foram aprovados no plenário do Tribunal na última quarta-feira, dia 7 de dezembro de 2022.

TCU aponta diferenças entre Auxílio Brasil e Bolsa Família

Dessa forma, o TCU aponta que o formato dos benefícios extraordinários que é utilizado pelo programa Auxílio Brasil acabou por gerar uma maior desigualdade de renda per capita dentre os grupos dos beneficiários. Por sua vez, o programa Bolsa Família estabelecia o valor de acordo com a composição de cada família, conforme o número de crianças e adolescentes.

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Nessa mesma linha de raciocínio, a conclusão do tribunal é a de que o pagamento de parcelas por pessoa tende a aproveitar melhor os recursos financeiros que são aplicados para tentar retirar as famílias da pobreza do que o pagamento de um valor único por cada família.

Nesse sentido, o principal efeito da criação do novo programa social, Auxílio Brasil, teria sido o direcionamento de valores orçamentários para um público não prioritário.

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Ainda de acordo com o relatório do ministro Cavalcanti:Também foi gerado um forte incentivo para declarações inverídicas sobre composição familiar, fragmentando as famílias em vários pedaços, de maneira que cada fragmento receba os R$ 600,00 reais por mês de valor mínimo”.

Obviamente, essa fragmentação familiar somente é possível em grupos familiares com vários adultos, enquanto mães solteiras com filhos pequenos recebem uma renda menor.  No pagamento mensal do benefício, a quantidade de famílias com apenas um membro mais do que duplicou, com um acréscimo de 3,5 milhões de famílias desde o ano de 2020, ao passo que a participação das famílias com três, quatro ou mais membros ia diminuindo.

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Além disso, um outro problema seria o de focalização do Auxílio Brasil, com prováveis erros de inclusão. No mês de outubro, o TCU estimou que haveria o número de 3,51 milhões de famílias a mais recebendo o benefício do que o público-alvo estimado. E, portanto, isso iria gerar um montante de gastos indevidos de cerca de R$ 2 bilhões de reais por mês.

De acordo com o relatório do ministro:Tal situação decorreu, principalmente, de fragilidades no cadastramento autodeclaratório do Cadastro Único, que tem possibilitado, no período mais recente, a inscrição das famílias de forma fragmentada, que se tornou atrativa em função do desenho do programa social”.

Sobre esse assunto, para finalizar, o tribunal recomenda que o Governo Federal promova pagamentos per capita mais equitativos entre as famílias beneficiárias, e que investigue possíveis divergências na composição familiar das pessoas que estão cadastradas no sistema do CadÚnico. Isso, para além de identificar os cidadãos que estão recebendo o benefício social de forma indevida.

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