(FUVEST/2025) “São os ratos!… Vai escutar com atenção, a respiração meio parada. Hão de ser muitos: há várias fontes daquele guinchinho, e de quando em quando, no forro, em vários pontos, o rufar…
A casa está cheia de ratos…”
Dyonélio Machado. Os ratos.
A obra Os ratos (1935), de Dyonélio Machado, narra o dia em que Naziazeno saiu pela cidade de Porto Alegre no intuito de conseguir dinheiro para pagar a conta do leiteiro. Os animais que dão título à narrativa apenas aparecem em seus últimos capítulos e ocupam o tempo reservado para o descanso do protagonista. É possível, então, afirmar:
A) Naziazeno, inconformado com sua condição de devedor, perambula pela cidade, encontrando refúgio junto aos ratos que o acolhem.
B) Os ratos são os credores de Naziazeno zoomorfizados, que se encontram à espreita para a cobrança de outras dívidas.
C) Os “guinchinhos”, que ressoam nos ouvidos de Naziazeno, são o eco de seu dia de perambulação, como se
lembrassem os obstáculos que venceu.
D) Os ruídos dos roedores mostram que Naziazeno, ao pagar a sua dívida, esquece os obstáculos que venceu.
E) O contraste entre o repouso de Naziazeno e o aparecimento dos roedores denuncia a permanência da sua situação de penúria social e financeira.
RESOLUÇÃO:
A análise da questão proposta deve considerar a simbologia e os aspectos narrativos da obra “Os Ratos” de Dyonélio Machado. O romance explora temas como a angústia, a alienação e as dificuldades econômicas enfrentadas pelo protagonista Naziazeno. Os ratos, que aparecem nos últimos capítulos da obra, representam um símbolo central dessa condição.
Analisando as alternativas:
A) Essa alternativa apresenta uma interpretação equivocada, pois os ratos não oferecem refúgio a Naziazeno. Eles aparecem no momento de repouso, representando uma constante ameaça e a impossibilidade de alívio para sua situação.
B) Apesar de criativa, essa interpretação não reflete diretamente o texto. Os ratos são símbolos mais amplos da precariedade e da luta contra uma situação de opressão econômica, não sendo personificações específicas dos credores.
C) Essa leitura está equivocada, pois não há alusão no texto ao “eco” como uma lembrança positiva ou indicativa de vitória. Pelo contrário, os ruídos são perturbadores e reforçam sua angústia.
D) Essa alternativa também está errada, pois não há evidência de que Naziazeno “esqueça” os obstáculos ou que sua dívida paga elimine sua angústia. Os ruídos indicam a continuidade do sofrimento.
E) Correta. Os ratos surgem como um símbolo da persistência dos problemas de Naziazeno, mesmo após o esforço para resolver uma dívida pontual. O contraste reforça sua condição de opressão e vulnerabilidade.
Resp.: E
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