Enem: Proposta de Redação Letras de músicas e a violência contra a mulher; que é um tema muito interessante que fará o candidato refletir e avaliar seus argumentos para elaboração de um bom texto.
A redação do Enem é um texto argumentativo-dissertativo; e exigirá que o candidato apresente bons argumentos para o problema levantado pela comissão organizadora.
Enem: Proposta Letras de músicas e a violência contra a mulher
A proposta baixo foi elaborada pela Unifacef em sua seleção de candidatos em 2017.
Texto 1
“Não é a violência que cria a cultura, mas é a cultura que define o que é violência. Ela é que vai aceitar violências em maior ou menor grau a depender do ponto em que nós estejamos enquanto sociedade humana, do ponto de compreensão do que seja a prática violenta ou não”, afirma Luiza Bairros, doutora em Sociologia pela Universidade de Michigan e ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir).
A persistência das discriminações contra as mulheres revela a necessidade urgente de um profundo olhar sobre suas raízes associado a um maior compromisso para coibir normas que fixam lugares rígidos para mulheres e homens na sociedade e que agem como fortes barreiras para a efetivação de direitos.
(“Cultura e raízes da violência contra a mulher”. www.agenciapatriciagalvao.org.br. Adaptado.)
Texto 2
Em 2005, antes de ostentar carrões de luxo e dentes de ouro, o funk brasileiro prometia “dois socos e três cruzados” a uma mulher em “Dona Gigi”, música do grupo Os Caçadores que virou hit nacional. Uma década e alguns MCs depois, o coro que domina desde festas na periferia até baladinhas universitárias é o “Baile de Favela”, de João Simeão, o MC João. Nela, a relação com a mulher ganha conotação puramente sexual: “Ela veio quente, hoje eu tô fervendo”.
Longe dos bailes, o que ferve é a discussão sobre o papel da música em disseminar o machismo. “Na nossa cultura, a mulher não é uma pessoa, mas um objeto, e, uma vez objeto, está lá para ser usada, como se não tivesse sentimentos e não fosse um ser humano”, avalia a socióloga feminista Eva Blay, professora aposentada da Universidade de São Paulo (USP). “Existe uma parte da música que não só exprime isso, como também ratifica”.
Mas, ainda que fazendo a vez de bode expiatório na discussão, o funk não monopoliza o machismo na música. Noel Rosa escreveu em 1932: “Mas que mulher indigesta/ Merece um tijolo na testa”. Oitenta anos depois, a dupla sertaneja Fernando e Sorocaba canta sobre se aproveitar da embriaguez feminina: “As mina pira, pira / Toma tequila / Sobe na mesa / (…) Entra no clima / Tá fácil de pegar / Pra cima!”. Em 1947, Dorival Caymmi assinou, em parceria com Antônio Almeida, a canção “O que É que Eu Dou?”. Segue a letra: “Eu já fiz tudo pra lhe agradar / Ela está sempre zangada / Sempre de cara amarrada / Será que ela quer pancada? / É só o que lhe falta dar / Ela quer apanhar!”.
Para a deputada Moema Gramacho, autora do projeto de lei “antibaixaria” na música, existe sim uma preponderância de machismo em gêneros musicais mais populares. “Por serem ritmos estimulantes, com músicas que pegam rápido, as letras proliferam”, afirma. “Isso se torna popular até entre crianças, e então cria-se uma cultura de violência e de desvalorização de gênero.”
(Carol Prado e Maria Clara Moreira. “Há 80 anos, mulher já levava tijolo na testa na música brasileira”. www.folha.uol.com.br, 03.06.2016. Adaptado).
Texto 3
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostrou uma jovem de 16 anos, nua e desacordada, após ter sido vítima de estupro coletivo. À frente do corpo dela, um suspeito de ter cometido o crime afirma: “mais de 30 engravidou”. Para a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a frase é um indício de que a adolescente foi abusada por mais de 30 homens, o rapaz, porém, afirma que se tratava tão somente de um funk proibidão. MC Leonardo, um dos principais personagens do movimento em defesa da cultura do funk carioca, argumenta que relacionar qualquer música com a ocorrência de um estupro é uma forma de “covardia”. Ele ressalta que muitas letras são, sim, machistas e erotizadas, mas apenas porque refletem uma sociedade que propaga os mesmos valores e o ambiente no qual os jovens das comunidades estão inseridos.
Leonardo afirma ainda que o gênero é apenas um “termômetro” que “está mostrando toda a falta de vocabulário” da juventude e a forma como ela enxerga questões como criminalidade, sexo e o respeito aos direitos das mulheres. “Mas, dizer que a música faz com que as pessoas cometam crimes sexuais é uma grande covardia que se faz. E isso vale não só para o funk, mas para qualquer outra cultura.”
(Hanrrikson de Andrade. “Letras de funk são espelho de sociedade machista e erotizada, diz MC carioca”. http://noticias.uol.com.br, 02.06.2016. Adaptado).
Texto 4
“Se ele te bate / É porque gosta de ti / Pois bater-se em quem / Não se gosta / Eu nunca vi”. A canção “Amor de malandro”, gravada por Francisco Alves em 1929, deixa evidente: bater em mulher era tão trivial algumas décadas atrás que, sem cerimônia alguma, virava letra de samba. Mais de 80 anos depois da canção o Brasil ainda mostra resquícios da herança misógina1.
Especialistas acreditam que as músicas não são apenas um retrato de uma sociedade que naturaliza a violência contra a mulher, mas também têm um papel ativo em estimular, em certa medida, essa violência. O machismo está tão presente na cultura popular que, muitas vezes, dificulta que a própria mulher perceba que é vítima de relacionamentos abusivos.
(Marina Cohen. “Especialistas acreditam que músicas banalizam a violência contra a mulher”. http://oglobo.globo.com, 17.11.2015. Adaptado.)
1Misoginia: ódio ou aversão às mulheres
Após a leitura dos textos e baseado em seus conhecimentos; redija um texto argumentativo-dissertativo; na norma-padrão da língua portuguesa; levando em consideração os aspectos positivos e negativos a respeito do tema:
O papel das letras de música no contexto de violência contra a mulher
Dicas Redação Enem:
A redação é uma importante etapa do Enem; e o treino será uma das melhores estratégias para elaborar um bom texto.
A leitura e o treino serão importantes aliados para melhorar sua escrita e sua argumentação para essa importante etapa do Enem.
Acesse o que é cobrado no Enem?
–Como a Redação do Enem é corrigida?
–Universidades portuguesas que utilizam o Enem para ingresso;
–Notas do corte por área de conhecimento;
-Consulte a concorrência Sisu edição 2017;
-Consulte possíveis temas para Redação do Enem.
-Veja Redações notas mil no Enem.