Questão discursiva sobre Conjuração Mineira, da UEL

(UEL/2017) Leia o texto e analise a imagem a seguir.
Vou falar hoje, neste bicentenário, da conjuração mineira, menos sobre as consequências desta prisão do que sobre as causas da chamada Inconfidência Mineira, designação de que francamente não gosto, e que não uso; a palavra inconfidência vem dos donos do poder e não da oposição. Vem da contrarrevolução e não da revolução; e, enfim, o objeto das nossas comemorações é uma revolução frustrada, não uma repressão bem-sucedida. É bom que estejamos bem claros sobre isto.
(MAXWELL, K. Conjuração mineira: novos aspectos. Estudos
Avançados. v.3. n.6. maio/ago. 1989. p.4.)

Com base no texto, na imagem e nos conhecimentos a respeito da Inconfidência ou Conjuração Mineira, responda aos itens a seguir.

A) Discorra sobre esse movimento denominado de Inconfidência ou Conjuração Mineira, ocorrido em Minas Gerais, em 1789.

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B) Analise a representação de Tiradentes na pintura elaborada por Pedro Américo, após a proclamação da República no Brasil.

RESOLUÇÃO (BANCA ELABORADORA DE PROVAS DA UEL) 

A) Espera-se que a resposta seja articulada em três eixos: a conjuntura internacional, as tensões políticas locais e as articulações que levaram à eclosão da revolta. No que concerne à conjuntura internacional, o candidato pode
enfatizar a importância das ideias iluministas na difusão de ideias republicanas e emancipacionistas, bem como outros eventos do mesmo tipo, como a Independência das Treze Colônias Inglesas (1776) ou a Revolução Francesa
(1789), que serviram de exemplo para os revoltosos. No plano das tensões locais, o candidato deve enfatizar a elevação dos tributos por parte da Coroa Portuguesa com o objetivo de revitalizar as finanças do Reino. Entretanto,
o efeito recairia sobre a colônia, gerando alto endividamento e uma política tributária selvagem, simbolizada pelo Quinto e pela Derrama. No que se refere às articulações que levaram à eclosão da revolta, pode-se destacar o perfil dos revoltosos (os inconfidentes), quase todos homens ricos, entre 40 e 50 anos de idade, que exerciam ou já haviam exercido cargos públicos. Muitos deles, extremamente endividados com a Coroa Portuguesa, inclusive Joaquim Silvério dos Reis, o delator do grupo. O governador se antecipou aos sediciosos, adiou a derrama prevista para aquele fevereiro de 1789 e convocou alguns devedores a quitar seus débitos, expediente por meio do qual obteve a delação de Silvério dos Reis e a corroboração de outros. A sedição chegou ao fim sem batalha.

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B) O candidato pode analisar que o pintor Pedro Américo estava inserido no momento político republicano, no qual a problemática principal era estabelecer heróis para a história do país. Nesse sentido, Tiradentes preenchia os
requisitos. Havia se rebelado contra a dominação da Coroa Portuguesa, foi preso e condenado à morte, recebeu punição bárbara de esquartejamento. A representação de Tiradentes apresenta características religiosas, uma vez
que ele recebeu uma aparência similar à consagrada a Jesus Cristo em uma tradição iconográfica cristã: barba crescida, rosto calmo e sereno e olhar voltado ao céu. Também há um crucifixo na imagem. Além disso, o corpo esquartejado de Tiradentes remete ao martírio e forma o mapa do Brasil. Contudo, no momento da chamada Inconfidência Mineira, não havia ainda a ideia de nação ou de patriotismo.

VEJA TAMBÉM:
Questão sobre Inconfidência Mineira, da Anhembi Morumbi 2014
Questão comentada relacionando Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana, do IFBA 2017

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