A Universidade de Medicina de Tóquio manipulava as notas das mulheres para evitar o ingresso

A Universidade de Medicina de Tóquio, no Japão, admitiu, nesta terça-feira, 7 de agosto, que baixou as notas das mulheres, no concurso de admissão, com o objetivo de limitar o número de estudantes do sexo feminino na Instituição; e se desculpou por essas velhas práticas discriminatórias. A notícia foi veiculada pelo site G1 da Globo.

“Traímos a confiança do público. Apresentamos nossas mais sinceras desculpas”, conforme declaração à imprensa do diretor-geral dessa universidade, Tetsuo Yukioka, sobre uma prática há anos em vigor.

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Práticas como estas “nunca deveriam acontecer”, acrescentou o vice-presidente, Keisuke Miyazawa, garantindo que a escola fará provas equitativas a partir do próximo ano.

Ainda em coletiva de imprensa, os diretores da Tokyo Medical University reconheceram discriminação contra mulheres. O caso foi revelado na semana passada pelo jornal “Yomiuri Shimbun”, que apontou que a escola agiu assim para garantir que as mulheres admitidas não passassem de 30% do número total de estudantes.

“Com frequência, as mulheres renunciam a serem médicas quando se casam e têm filhos”, disse uma fonte ao jornal japonês, na tentativa de justificar a falsificação das notas.
Ainda segundo a imprensa japonesa, essas irregularidades começaram em 2011, mas uma investigação interna demonstrou que essas práticas remontam a 2006, afirmou hoje a agência de notícias Kyodo.

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Apadrinhamento político

Tais práticas foram descobertas no âmbito de investigações sobre outro caso na mesma universidade, acusada de ter favorecido a admissão do filho de um influente membro do Ministério da Educação. Com as investigações, os jornais descobriram outros casos similares.

Trata-se de “discriminação com as mulheres pura e simples”, disse um dos advogados encarregado de uma investigação na instituição por este caso que indignou o país.

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A ministra da Mulher, Seiko Noda, denunciou à emissora pública japonesa de televisão NHK:

“É extremamente preocupante, se a universidade impede o êxito das mulheres no concurso [de admissão] com a desculpa de que é difícil trabalhar com mulheres médicas”, disse a ministra Noda.
As mulheres japonesas são geralmente instruídas. Os hábitos de trabalho no país, onde se costuma fazer muitas horas extras, com frequência as obriga, porém, a abandonarem suas carreiras, depois que decidem formar uma família.

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Texto disponível em <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/08/07/faculdade-de-medicina-no-japao-baixava-notas-de-mulheres-para-limitar-ingresso-delas-na-instituicao.ghtml> Acesso 8 de agosto de 2018

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